26 de junho de 2012

Juiz teme 'tragédia' e só vê Beira-Rio em condições após final da reforma


Apesar de o Inter já estar analisando o recurso para tentar uma liminar e seguir mandando seus jogos no Beira-Rio, será difícil que os colorados atuem em casa antes de as reformas terminarem, no final de 2013. Pelo menos é o que avalia o juiz João Ricardo dos Santos Costa, da 16ª Vara Cível de Porto Alegre, que decidiu pela interdição do estádio na última semana.

O magistrado entende que, por conta das obras realizadas no estádio, não há segurança para o contingente de pessoas que frequenta uma partida de futebol. Santos Costa ressalta que a decisão é tomada projetando “uma situação extraordinária, e não um jogo em que deu tudo certo”. Antes de sua decisão, ele procurou pesquisar sobre outros casos em que ocorreram tragédias em campos de futebol. E percebeu que muitas mortes aconteceram em função de tumulto e pânico, mesmo em estádios de alta segurança:
– Em uma situação extraordinária, onde há um tumulto, as coisas se potencializam. O Beira-Rio virou um canteiro de obras. Por conta disso, hoje ele não oferece condições de segurança. O acesso às áreas de vulnerabilidade pode gerar uma tragédia. Como não temos a capacidade premonitória, precisamos agir prevenindo e vendo acontecimentos anteriores, até mesmo no Brasil. Só estamos procurando preservar a segurança das pessoas que frequentam o estádio.
Como defesa, o Inter alega que, onde há obras, as áreas estão isoladas e que a inspeção ocorreu em um dia que não teria partida. Por isso, na última quarta-feira, quando a Justiça esteve no Beira-Rio, não havia ocorrido a limpeza para a retirada dos detritos. João Ricardo dos Santos Costa contesta e lembra que, no jogo contra o Botafogo, a situação era a mesma. E vai além. Informa que durante a vistoria ele mesmo retirou pedras da rampa do estádio.
O departamento jurídico colorado, após conversa com a direção, levantou a possibilidade de deixar aberto apenas o anel superior para a torcida. Segundo o juiz, isso não diminuiria o perigo aos fãs:

– Estudei esta questão. A inspeção me mostrou que não teria a menor condição porque há acesso às áreas onde tem a obra.

Santos Costa entende que é importante para o Inter jogar em casa, até em função da logística. Também acredita que pode ocorrer uma reversão do caso. Entretanto, o magistrado aponta que, com o andamento da reforma, fica cada vez mais complicado liberar o Beira-Rio para sediar as partidas:

– Nas circunstâncias de hoje, pela progressão das obras, que depois vão para a parte de cima, a cobertura, ficará mais difícil manter a concomitância de obras e jogos.
Juiz João Ricardo dos Santos Costa (Foto: Diego Guichard / GLOBOESPORTE.COM)Juiz João Ricardo dos Santos Costa decidiu
interditar o Beira-Rio na última sexta-feira (Foto:
Diego Guichard / GLOBOESPORTE.COM)
Na tarde desta terça-feira, está prevista uma entrevista coletiva do presidente Giovanni Luigi sobre a interdição do Beira-Rio. Até quinta-feira, o departamento jurídico colorado entrará com o recurso para voltar a sediar as partidas.

Enquanto não consegue a reversão do caso, o Inter estuda outras possibilidades de locais para mandar os seus jogos. O Estádio Olímpico está descartado. A direção aposta no tempo que tem a seu favor. O próximo jogo do Inter como mandante é apenas no dia 7 de julho contra o Cruzeiro. Neste final de semana, o clube enfrenta o Bahia, no Pituaçu.
Entenda o caso
O Ministério Público ajuizou no dia 24 de maio uma ação civil pública para que fosse determinada a interdição do Complexo Beira-Rio. De acordo com a Promotoria de Justiça de Habitação e Defesa da Ordem Urbanística de Porto Alegre, as edificações não possuem alvará de Prevenção e Proteção contra Incêndios. Por causa disso, o Inter acabou criando uma própria brigada de incêndio, treinando funcionários para agir em eventuais incidentes.
De acordo com os autores da ação, por mais que o Inter tente isolar as áreas que estão sendo demolidas, colocando cercas, seguranças e cachorros, se houver um tumulto, a torcida pode se tornar incontrolável. A ação pede fixação de multa por descumprimento no valor de R$ 1 milhão por evento realizado nas condições atuais.

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