24 de junho de 2012

Paciente, Muriel colhe frutos no Inter: de sexta opção a titular em 4 anos

Em grande fase, Muriel completou um ano de titularidade nesta semana. Foi o goleiro que se firmou com a camisa 1 do Inter e acabou com um ano de instabilidade na briga pela posição desde 2010.

Mas a trajetória do arqueiro foi demorada. Por causa da falta de oportunidades, chegou a achar que nunca alçaria voo sob as goleiras do Beira-Rio pela equipe principal. Em 2008, sofreu com hepatite A e ficou quatro meses longe dos gramados. Persistiu e colheu os frutos. Hoje, é um dos expoentes da equipe de Dorival Júnior.

- Se é difícil chegar, se manter é mais ainda. Pretendo aumentar esse período, fazer bons jogos para ajudar o Inter – comentou, sempre com um discurso simples, humilde.

Muriel também destacou o crescimento com o treinador Marquinhos e revelou dicas preciosas de atletas como Pato Abbondanzieri, Renan e Clemer. No entanto, na hora de eleger um ícone, não pestaneja a indicar Taffarel.

A boa fase de Muriel no Inter lhe rendeu um novo contrato com o clube. Um dos destaques da equipe de Dorival Júnior em 2012, o goleiro acertou com o Colorado até 2016. No total, já disputou 78 partidas pela equipe, tendo sofrido 69 gols sofridos. Terminou 27 jogos sem ser vazado.
Confira abaixo trechos da entrevista:
Muriel, goleiro do Inter (Foto: Alexandre Lops/Divulgação, Inter)Goleiro encerrou 27 partidas sem ser vazado (Foto: Alexandre Lops/Divulgação, Inter)
GLOBOESPORTE.COM – Você conseguiu alcançar um ano de titularidade, tornando a camisa 1 incontestável. Como se sente?
Muriel - Estou muito feliz. Foi difícil conseguir uma oportunidade para jogar e ganhar sequência pelo fato de o Inter contar com grandes goleiros. Tive de esperar um bom tempo. Se é difícil chegar, se manter é mais ainda. Pretendo aumentar esse período, fazer bons jogos para ajudar o Inter. É um longo caminho. No momento em que o time tem qualidade, a cobrança é maior ainda.
Você completará 100 partidas como profissional do Inter neste ano, mas parece não se sentir 100% titular. É isso?
A gente nunca sabe como vai ser. Prefiro sempre pensar jogo a jogo. Foi assim desde sempre quando entrei no time porque o Renan estava resolvendo o contrato. Prefiro pensar assim pelo respeito aos outros, até mesmo ao Renan. Desde que entrei no Inter, ele já estava aí. Sei que todos estão muito bem. E acaba jogando um só goleiro.
Qual a importância do Marquinhos para o teu crescimento pessoal?
Teve muita importância, mas sou grato a todos os treinadores de goleiro que tive. E o Marquinhos é um cara com muita experiência. Não só tecnicamente, ele trabalha uma postura psicológica que faz a diferença. Sempre trabalhou da mesma forma comigo, antes mesmo quando eu era o terceiro ou segundo goleiro. Ele tira o couro, mas não faz nada de exagerado. Foi goleiro também e tem muito conhecimento.
O quanto que esse trabalho psicológico com os goleiros é válido?
Entrei no Inter em 2010 e não consegui uma sequência. Comecei no time B em 2011 e, no decorrer do Brasileirão, tive uma oportunidade. O Marquinhos me passou muita calma. Não é preciso fazer um monte de defesa em uma partida. É necessário executar o que é trabalhado no dia a dia. Ele e o Maurício Dulac (auxiliar técnico) passam detalhe dos adversários. Depois de cada partida, sempre analisamos o replay do confronto. Conversamos sobre o que foi feito certo ou errado.
Qual a importância do período que passou longe do Beira-Rio?
Fiquei seis meses no Caxias, em 2009, e outros três meses na portuguesa. Antes
disso, não tinha estreado em uma equipe principal. Atuar pelo Gauchão e Série B com estádio cheio, com decisões, contribuiu muito para o meu crescimento. Eu já tinha aprendido tudo o que era possível nos treinos. Necessitava atuar.
Em 2010, o Inter viveu um momento de instabilidade na camisa 1. E foi justamente você quem acabou com as dúvidas para o gol. Como encara isso?
Foram goleiros de nome, experientes, era difícil ter espaço. Mas acabei aprendendo muito com esses goleiros. Tudo aconteceu no momento certo.
Mas você passou bastante tempo na reserva. Foi um período difícil?
Não é todo mundo que tem essa paciência. Teve momento que eu ficava ansioso. Via jogadores da base ou mais mais novos ganhando oportunidade. Dá uma certa preocupação. Eu tinha 22 anos e nunca tinha atuado na equipe principal. Hoje, posso analisar com a maior tranquilidade. Um cara que me ajudou foi o Pato Abbondanzieri, que chegou e disse que demorou a engrenar no Boca Juniors. A carreira do goleiro é mais longa.

Achou em algum momento que nunca iria jogar?
Confesso que... era terceiro o goleiro em 2008, e tive hepatite A, assim como o Renan, e o clube teve que contratar outros goleiros. Fiquei quatro meses parados e, quando retornei, era a sexta opção. Mas deu tudo certo. Cada um colhe os frutos que planta.
Qual o jogo que sentiu ter feito a diferença?
Teve alguns que ficaram marcados, como o do Santos aqui no Beira-Rio. O Neymar é impossível, ele não cansa, corre o jogo inteiro.

Que goleiros que te inspiram?
Minha maior referência é o Taffarel. E o André Doring era quem estava aqui na época quando iniciei. O Clemer também foi importante. Tive a oportunidade de trabalhar com ele como goleiro e treinador. No futebol internacional, gosto do Neuer, do Bayern de Munique, e o Cech, do Chelsea.

Quais as características de um bom camisa 1?
É preciso ter um bom reflexo. Tem que ser um cara que simplifique, que era o que admirava no Taffarel. Não precisa fazer defesas exageradas. Também não pode se abalar com erros, nem ficar se achando com um bom momento.

Pensa em Seleção?
É um sonho né? Mas não crio expectativas. A cada jogo que passa, me concentro para fazer como se fosse uma decisão. Será assim sempre.

O Inter tem condições de sair com o título do Brasileirão?
Com certeza, temos excelentes jogadores, um plantel forte. O grupo está maduro e muito concentrado.

O que houve de errado na derrota em casa contra o Botafogo? 
Não fizemos um bom jogo, mas também não podemos se abater por causa disso. As derrotas são naturais em um campeonato tão equilibrado como o Brasileirão. Mas sabemos que podemos ir melhor do que isso. Da mesma forma que saímos derrotados em casa, temos condições de reverter fora. Sabemos que será difícil, mas temos condições de atuar de igual para igual.
O grupo está unido com Dorival Júnior?
Com certeza. É um cara que nos ajuda muito e já teve muitos méritos aqui
nesse time.

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