1 de novembro de 2012

Zero Hora perguntou a colunistas e comentaristas (daqui e de fora do Estado): o que o senhor acha de colocar sub judice um jogo por causa da suposta interferência externa (via TV ou via imprensa, por exemplo) na anulação de um gol feito com a mão? Veja as respostas: André Rizek, comentarista do SporTV "Acho que não tem lado bom nessa história. Tem só o menos ruim, que é não acontecer nada. O juiz erra ao não ver, depois erra ao não dar amarelo, o Barcos erra por enganar a arbitragem e o Palmeiras, não por princípios, mas por desespero, toma essa atitude patética de ir para o tapetão. Agora, se ficar provada a ajuda externa, vai acontecer a pior coisa possível, que é, na prática, a anulação de um jogo porque um gol de mão não foi validado, por incompetência do juiz. É a regra, que pode até ser burra, mas é a lei. É duro explicar isso para uma criança..." Cacalo, integrante do Sala de Redação, da Rádio Gaúcha "Preliminarmente, o gol foi irregular, feito com a mão. No entanto, se a comunicação ao árbitro não foi feita pelos seus auxiliares, houve interferência externa, vetada pela lei. Por isso, para evitar esse tipo de interferência, que o mundo do futebol convive com isso desde que o futebol foi inventado: com erros de arbitragem. Não deve ser legitimado, como regra geral, um gol irregular. Mas, se apelarmos para a interferência externa, proibida por lei, nunca mais haverá erro de arbitragem. Cabe ao Palmeiras a prova contundente da interferência externa sob pena de ter sido correta a decisão de anular o lance, com base na informação de que a mão na bola foi vista pelo quarto árbitro." David Coimbra, colunista de Zero Hora "Acho que, neste caso, o árbitro pode ser punido, mas não se pode anular o jogo. O erro foi do árbitro, mas ele, mesmo que tenha errado, acertou na decisão de anular um gol que tinha que ser anulado. Então, tu anulares um jogo por causa disso seria um despautério, seria algo ridículo, contra o bom senso. Foi uma decisão, em última análise, acertada, porque o jogador botou a mão na bola por querer, e aí tu vais lá e anulas o jogo? Não. Aí, não tem cabimento. Acho que o árbitro deveria ser punido. O árbitro, o outro que viu pela televisão, todos os envolvidos. Mas não o jogo ser anulado. Isso, de jeito algum." Juca Kfouri, comentarista da ESPN "Como já disse e escrevi, acho simplesmente ridículo. E expõe um clube glorioso como o Palmeiras ao escárnio coletivo." Leonardo Gaciba, comentarista de arbitragem da Rede Globo e SporTV "É a lei. Não existe opção. O código brasileiro prevê isso (colocar a partida sub judice). Pode não se concordar, mas é a lei. A arbitragem tem a seu favor a não aplicação do cartão amarelo para o Barcos. Se tivesse sido visto na televisão o lance, sem dúvida saberiam quem foi o jogador que tocou a mão na bola e ele receberia o cartão. Esse é o álibi da arbitragem, o argumento que o árbitro deve utilizar." Maurício Saraiva, comentarista da RBS TV "Um teatro do absurdo. Embora o que esteja sendo alegado seja a questão do recurso eletrônico, não existe nem a evidência, e muito menos provas suficientes de que houve interferência externa. Então, na essência, o risco que estamos correndo é o de ver um jogo anulado porque o árbitro conseguiu corrigir a tempo um erro que ele estava cometendo. E isso é o teatro do absurdo." Nando Gross, comentarista e apresentador da RBS TV "É um mau exemplo que o futebol está dando para a sociedade brasileira. O STJD não deveria ter levado adiante este caso. Dizem que é de praxe, mas não é. Se o tribunal achar que não tem fundamento, e um gol de mão não tem fundamento, ele não deve levar adiante. Este caso, para mim, só justifica o fim do STJD. Quando o STJD aceita propor um julgamento sobre um lance desse, dá motivos para o fim, para não existir mais e partirmos para um tribunal de penas como na Fifa. Colocar em discussão um gol de mão é uma coisa completamente estapafúrdia." Paulo Sant'Ana, colunista de Zero Hora "Eu acho certo porque tem que se investigar. Se o juiz foi informado por alguém que viu o lance pela televisão, o jogo tem que ser anulado. O juiz não pode ser informado a não ser por seus três ou quatro auxiliares. Se ele foi informado por alguém que não pertencia ao quadro de arbitragem, tem que anular o jogo. Se ele não foi informado por seus auxiliares, mas sim por influência externa, via notícia da televisão, como um repórter, por exemplo, não vale o jogo." Paulo Vinicius coelho, comentarista dos canais ESPN "Acho três coisas. Primeira: levar a julgamento no STJD não poderia significar a retirada dos pontos na tabela, porque isso tem um efeito psicológico. Em 1999, por exemplo, no Caso Sandro Hiroshi, ninguém tirou ponto de nenhum time antes do julgamento. Ok que o código diz que tem de tirar, mas não concordo. Segunda: o gol foi de mão, e a justiça prevaleceu com o resultado do jogo, é o ponto fundamental, e o placar deve ser mantido. Terceira: muita gente diz que o Palmeiras se apequena indo ao Tribunal. Discordo. Ir à Justiça é um direito, se vai dar ganho de causa ou não é outro problema". Pedro Ernesto, colunista do Diário Gaúcho: "Acho que não vão anular a partida porque o Jean Pierre Lima (quarto árbitro) afirma que foi ele quem avisou. Acho que o Palmeiras terá de produzir provas e não vai conseguir". Tostão, colunista da Folha de S. Paulo "A única verdade que tem é que o gol foi com a mão e o juiz anulou muito bem e o Inter ganhou. Pronto, acabou. Agora, o Palmeiras está no direito. Qualquer pessoa tem direito de ir na Justiça reclamar de seus direitos. E o Palmeiras está baseado numa coisa (influência externa), que provavelmente foi usada mesmo. Não vou discutir se o Palmeiras ou a Justiça vai poder anular o jogo. Isso não me interessa. O que interessa é o jogo. E, no jogo, o Inter ganhou, legalmente. Deveria acabar aí."


Um documento que será enviado nesta quinta-feira ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) trará o relato do árbitro Francisco Carlos Nascimento a respeito do ocorrido na partida entre Inter e Palmeiras, no último sábado, no Beira-Rio.
No manifesto do árbitro alagoano, escudo da Fifa, constará que foi o gaúcho Jean Pierre Gonçalves Lima, quarto árbitro, quem o avisou sobre o gol irregular do atacante Barcos, sem interferência externa — imagens da televisão — como alegam dirigentes e comissão técnica do clube paulista.
A partida vencida pelo time de Fernandão por 2 a 1 está sub judice, e o STJD pediu a manifestação de Inter e dos árbitros para dar um parecer sobre a anulação do jogo depois das explicações do clube e dos juízes.
Escrito por Giuliano Bozzano, advogado da Associação Nacional de Árbitros (ANAF), o documento explica que, aos 18 minutos da etapa final, após uma cobrança de escanteio, houve um gol da equipe do Palmeiras. Os assistentes, da lateral do campo e da linha de fundo, validaram o lance e, levado pela circunstância, Francisco Carlos Nascimento também indicaria o gol. Pelo ponto eletrônico, Nascimento teria ouvido a frase "Foi mão, foi mão", reiteradas vezes. Nisto, correu em direção a Jean-Pierre e perguntou "mão de quem?".
Com a rapidez do lance, não teria sido possível ver quem colocou a mão na bola, apenas que houve a irregularidade — teria explicado Jean Pierre, motivo pelo qual o jogador Barcos, que já confessou a irregularidade após a partida, não recebeu o cartão amarelo, como manda a regra, ao tentar ludibriar o árbitro e/ou jogá-lo contra a torcida.
— Está havendo uma inversão de valores. Quem deveria estar sendo requerido, investigado, é o jogador — disse uma pessoa ligada a Francisco Carlos Nascimento.
Outro ponto explicado ao STJD: a falta de detalhamento do lance por Francisco Carlos Nascimento na súmula do jogo. Como se trata de um lance técnico, não há necessidade de descrição na súmula de jogo. A súmula divulgada no site da CBF não fazia nenhuma citação à confusão. Na parte destinada às ocorrências do confronto, o árbitro apenas escreveu que "nada houve de anormal". Já no relatório do assistente, está escrito que "nada houve". Por conta da confusão, a partida ficou parada por quase sete minutos, mas não há nenhuma referência à polêmica.
— Se houve a interferência externa, porque não deu cartão amarelo (a Barcos)? A informação foi tão de dentro, tão entre eles, que não houve o cartão. Por aí se comprova que não houve interferência externa. Não se sabia quem era a mão. Houve a mão, mas não se sabia quem era. Não se pode punir sem saber. Pune a equipe, que cometeu a irregularidade, mas não o jogador — explicou um membro da Federação Alagoana.

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