Um documento que será enviado nesta quinta-feira ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) trará o relato do árbitro Francisco Carlos Nascimento a respeito do ocorrido na partida entre Inter e Palmeiras, no último sábado, no Beira-Rio.
No manifesto do árbitro alagoano, escudo da Fifa, constará que foi o gaúcho Jean Pierre Gonçalves Lima, quarto árbitro, quem o avisou sobre o gol irregular do atacante Barcos, sem interferência externa — imagens da televisão — como alegam dirigentes e comissão técnica do clube paulista.
A partida vencida pelo time de Fernandão por 2 a 1 está sub judice, e o STJD pediu a manifestação de Inter e dos árbitros para dar um parecer sobre a anulação do jogo depois das explicações do clube e dos juízes.
Escrito por Giuliano Bozzano, advogado da Associação Nacional de Árbitros (ANAF), o documento explica que, aos 18 minutos da etapa final, após uma cobrança de escanteio, houve um gol da equipe do Palmeiras. Os assistentes, da lateral do campo e da linha de fundo, validaram o lance e, levado pela circunstância, Francisco Carlos Nascimento também indicaria o gol. Pelo ponto eletrônico, Nascimento teria ouvido a frase "Foi mão, foi mão", reiteradas vezes. Nisto, correu em direção a Jean-Pierre e perguntou "mão de quem?".
Com a rapidez do lance, não teria sido possível ver quem colocou a mão na bola, apenas que houve a irregularidade — teria explicado Jean Pierre, motivo pelo qual o jogador Barcos, que já confessou a irregularidade após a partida, não recebeu o cartão amarelo, como manda a regra, ao tentar ludibriar o árbitro e/ou jogá-lo contra a torcida.
— Está havendo uma inversão de valores. Quem deveria estar sendo requerido, investigado, é o jogador — disse uma pessoa ligada a Francisco Carlos Nascimento.
Outro ponto explicado ao STJD: a falta de detalhamento do lance por Francisco Carlos Nascimento na súmula do jogo. Como se trata de um lance técnico, não há necessidade de descrição na súmula de jogo. A súmula divulgada no site da CBF não fazia nenhuma citação à confusão. Na parte destinada às ocorrências do confronto, o árbitro apenas escreveu que "nada houve de anormal". Já no relatório do assistente, está escrito que "nada houve". Por conta da confusão, a partida ficou parada por quase sete minutos, mas não há nenhuma referência à polêmica.
— Se houve a interferência externa, porque não deu cartão amarelo (a Barcos)? A informação foi tão de dentro, tão entre eles, que não houve o cartão. Por aí se comprova que não houve interferência externa. Não se sabia quem era a mão. Houve a mão, mas não se sabia quem era. Não se pode punir sem saber. Pune a equipe, que cometeu a irregularidade, mas não o jogador — explicou um membro da Federação Alagoana.
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