8 de julho de 2012

Internacional 2 x 1 Cruzeiro


O Beira-Rio pode estar à metade, ocupado apenas no anel superior devido às obras, mas o sábado colorado foi cheio, generoso, completo. Depois de recepcionar o reforço Diego Forlán com a pompa e a festa mais do que merecidas, a torcida - e o próprio uruguaio, num dos camarotes do estádio - viu o Inter bater o Cruzeiro por 2 a 1. Na gélida noite à beira do Guaíba, brilhou a estrela de quem agora ruma a Londres pelo sonho do ouro. Convocados para as Olimpíadas, Oscar e Leandro Damião marcaram os gols. Léo descontou numa bela bicicleta.
Com o resultado, válido pela oitava rodada do Brasileirão, o Inter termina o sábado no G-4, com 15 pontos. Precisará secar o rival Grêmio, que enfrenta o Santos na Vila Belmiro, para fechar o fim de semana entre os que hoje se classificariam à Libertadores. Já o Cruzeiro, depois de perder a invencibilidade no campeonato para o São Paulo, emplaca nova derrota e, com 14 pontos, despede-se do pelotão de elite da tabela, alojando-se na quinta posição.
Assim como Dorival, Nei também foi vaiado pela exigente torcida colorada. Ao final da partida, preferiu valorizar o resultado.
- Jogamos de maneira inteligente - considera. - Vaias vão e voltam.
O ex-colorado Tinga lamentou a derrota devido à atuação do Cruzeiro. Segundo o volante, o Inter se valeu de jogadas individuais para decidir.
- Sabemos que, taticamente, fomos melhores - analisa.
As equipes têm uma semana inteira para treinamentos. No próximo domingo, o Inter recebe o Santos no Beira-Rio, às 16h. No mesmo horário, o Cruzeiro enfrenta o Grêmio, no Independência.
Oscar faz gol contra o Cruzeiro (Foto: Diego Guichard/GLOBOESPORTE.COM)Oscar faz gol contra o Cruzeiro (Foto: Diego Guichard/GLOBOESPORTE.COM)
Ídolos na contramão

Se Forlán significa o que há mais de novo em termos de esperança, vestia azul nesta noite um dos expoentes da era vitoriosa do Inter. Tinga fazia seu primeiro jogo no Beira-Rio, como rival, desde a saída do clube gaúcho, em maio. Celso Roth também era um ex-colorado, que foi igualmente cumprimentado por toda a comissão técnica vermelha.
Mas ninguém atraiu tantos olhares quando Diego Forlán. Depois de uma recepção de popstar no aeroporto e de uma apresentação festiva e de frases promissoras, o uruguaio desfilou no gramado do Beira-Rio e foi ovacionado pelo público, todo acomodado na arquibancada superior.
O clima de festa contagiou o Inter em campo. Aos sete minutos, abriu o placar. Após um desarme eficiente de Josimar, D'Alessandro lançou Oscar. O camisa 16 provou que mereceu ter seu nome na convocação às Olimpíadas. Em velocidade, com pouco espaço de ação e bem marcado, improvisou um surpreendente chute de trivela, com o pé direito. O efeito foi fulminante, e Fábio saltou por puro protocolo: 1 a 0.
Geração olímpica brilha como ouro
O gol pode ter dado um gosto especial ao dia já movimentado da torcida. No entanto, pouco afetou o Cruzeiro. Tranquilo, organizado, competia com o clima para saber quem estava mais frio. Sem pressa, começou a chegar à meta de Muriel. Primeiro, aos 12, em cobrança de falta de Montillo. Depois, aos 29 minutos, quando Willian Magrão, ex-Grêmio e conhecedor do terreno gaúcho, fez boa jogada individual, soltou a bomba e levou a bola ao travessão.
A frieza do Cruzeiro acabou congelando, caindo feito as pedras demolidas da reforma do Beira-Rio. O trator tem nome: Leandro Damião. Assim como Oscar, o centroavante foi chamado por Mano Menezes rumo a Londres e mostrou a sua utilidade em Porto Alegre, na última partida antes de embarcar em busca do inédito ouro. Aos 36, recebeu bom passe de Dagoberto e fuzilou: 2 a 0, e comemoração quente, punhos cerrados, grito no ar, com raça charrua, como se convidasse Forlán para jogar.
forlan internacional x cruzeiro (Foto: Renan Olaz/Futura Press)Forlán foi ovacionado antes da partida (Foto: Renan Olaz/Futura Press)
- O time está jogando bem, fez dois gols... tomara que siga assim - projetou um Forlán de poucas palavras, mas cheio de atenção aos fãs.
O Cruzeiro respondeu. Aos 38, Anselmo Ramon acionou Tinga. Na cara do gol, por pouco não repetiu o recente trauma colorado, de levar gols de seus ídolos - casos de Fernandão, Sobis, Iarley... Muriel espalmou e fez grande defesa. Com uma sombra e tanto nos camarotes, Dagoberto se destacou no ataque colorado. Aos 41, entortou Léo e pecou na finalização, perdendo chance de fazer belo gol.
- Ele viu que o lado esquerdo está com vantagem, vamos ver o que o Celso Roth tem para falar para o segundo tempo - disse Fabinho, preocupado com as investidas vermelhas sobre a zaga mineira.

Cruzeiro melhora e enerva torcida
Roth resolveu diminuir os problemas defensivos dando mais munição ao ataque. Sacou o zagueiro Victorino e promoveu o ingresso de Wallyson. E, aos quatro minutos, a primeira amostra de que a troca poderia dar certo. Wallyson invadiu a área e rolou para trás. No meio da pequena área, Everton conseguiu jogar a bola sobre o gol, em lance incrível.
Leandro Damião amplia para o Inter e comemora com Índio (Foto: Diego Guichard/GLOBOESPORTE.COM)Leandro Damião amplia para o Inter e comemora com Índio (Foto: Diego Guichard/GLOBOESPORTE.COM)
E o Cruzeiro seguiu insistindo. Parecia o mandante no Beira-Rio na etapa final. Aos 19 minutos, veio a recompensa. Souza, que entrara havia pouco, cobrou escanteio. A bola respingou para Léo, que emendou uma bonita bicicleta, revivendo os seus tempos de zagueiro-artilheiro em Gre-Nais. O time de Roth diminuía a desvantagem e voltava ao jogo.
Um tanto lento, o Inter só conseguiu responder aos 24, quando D'Alessandro assustou Fabio em chute rasante, que passou próximo ao poste - o primeiro arremate vermelho no segundo tempo. A superioridade do Cruzeiro exasperou a torcida do Inter, que chegou a chamar de "burro" o técnico Dorival. Ele sacou Dagoberto e D'Alessandro para colocar Marcos Aurélio e Jajá.
Apesar da pressão do Cruzeiro, o Inter se segurou com as mãos de Muriel e dorme no G-4. Já sonhando com os dias em que poderá contar com Forlán.

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