6 de outubro de 2012

À distância, colorados de Santos falam sobre paixão pelo Internacional


Neste sábado, às 16h20 (de Brasília), o Internacional estará mais próximo do que nunca dos colorados que moram na Baixada Santista. Na ocasião, o time de Porto Alegre enfrenta o Santos, na Vila Belmiro, pela 28ª rodada do Brasileirão. Chance de ouro para os torcedores que, sejam eles nativos da região ou gaúchos que optaram em viver no litoral paulista, acompanharem de perto a briga da equipe por uma vaga na próxima Libertadores.
Torcedores do Inter em Santos (Foto: Lincoln Chaves / Globoesporte.com)Emílio e Eduardo escancaram amor pelo Inter no centro de Santos (Foto: Lincoln Chaves / Globoesporte.com)
Eduardo Cardoso é um desses colorados que teve de trocar o Rio Grande do Sul por Santos. Nascido em Porto Alegre, o despachante aduaneiro de 38 anos veio para a Baixada há oito anos, à trabalho. Apesar da distância de aproximadamente 1.800 quilômetros entre as duas cidades e a influência do Santos (e de santistas) a paixão pelo Inter nunca diminuiu.
- O gaúcho nativo ele tem aquela coisa do regionalismo muito forte. Comigo, não foi diferente. Vivenciei as maiores glórias do Inter (bicampeonato da Libertadores e título mundial de 2006) longe do Sul, mas a distância parece que só deixou o amor pelo Inter maior. Sou colorado de uma familia que morava três quadras distante do Beira-Rio. É algo inexplicável - destacou.
Se no caso de Eduardo a presença colorada na família levou-o a adotar a equipe do Beira-Rio, a paixão do santista (de nascimento) Emílio Rodrigues pelo Internacional surgiu por conta do supertime da década de 70, que conquistou três Campeonatos Brasileiros - um deles invicto, em 1979. Efeito, segundo ele, semelhante ao que fez torcedores de diferentes locais do Brasil torcerem pelo Santos de Pelé, na década de 60.
- A primeira vez que assisti um jogo na televisão e que comecei a entender o que era futebol, foi a final do Brasileiro de 1975 (contra o Cruzeiro), com o famoso gol iluminado do Figueroa. Vi aquele time com Falcão, Batista, Flávio... Foi algo inexplicável. E a paixão pelo clube ficou. Solitária por alguns anos, mas uma grande paixão - lembrou.
"Solitária", segundo Emílio, porque passou a infância e a adolescência como o único colorado que conhecia em Santos. A "pressão" dos amigos santistas, corintianos, são-paulinos e palmeirenses para que "virasse a casaca" era grande, e a dificuldade à época de acompanhar os passos do Inter - especialmente durante o Campeonato Estadual - era significativa. Mas não foram suficientes para mudar o sentimento pelo time gaúcho.
- O curioso é que em casa acabei não tendo nenhuma influência (sobre times de futebol), já que meu pai é torcedor do Barcelona. Era difícil ver os jogos, então só sabia dos resultados no domingo à noite, por causa da loteria esportiva. Era um amor solitário, mas também feliz. E tinha uma grande vantagem. Eu comemorava sozinho, mas também ninguém me enchia a paciência na segunda se o time perdesse (risos) - recordou.
O advento da internet e das redes sociais ajudou Eduardo e Emílio a se aproximarem de colorados de todo o Brasil, bem como conhecer outros torcedores do Inter na região. Segundo o jornalista e cônsul do time gaúcho em Santos, Fabiano Cardoso, há pelo menos 50 sócios do clube na cidade - sem contar os que não fazem parte do quadro de associados do clube. Uma turma que, sempre que possível, costuma se reunir para assistir os jogos da equipe pela televisão e mesmo nos estádios de São Paulo.
- Aqui na Baixada, é complicado ruenir os torcedores em bares, porque para cada 10 colorados, aparecem 50 torcedores de outros clubes, e entendemos que a maioria prevalece. Então, vamos de bar em bar ou fazemos um churrasco na casa dos amigos. Em São Paulo, há um ponto em que os torcedores se reunem e às vezes vamos para lá. Nas partidas da capital, também organizamos carros para levar todo mundo para os jogos - explicou.
Torcedores do Inter em Santos (Foto: Lincoln Chaves / Globoesporte.com)Colorados já marcaram presença em jogo de
sábado (Foto: Lincoln Chaves / Globoesporte.com)
Contra o Santos
Eduardo, Emílio e Fabiano já confirmaram presença na partida deste sábado contra o Santos, na Vila Belmiro. Adversário que, devido à proximidade que vivenciam, fazem com que este seja sempre um encontro difícil - por conta do histórico da equipe ainda não ter derrotado o Peixe na Baixada - mas especial.
- A maior parte dos meus amigos são santistas, e temos uma escrita de ainda não ter ganho aqui (na Vila). É até peculiar, porque minha cunhada é secretária do Luis Alvaro (presidente do Santos) e já tive que proibí-la de dar presentes do Santos ao meu filho (risos). Os amigos sempre fazem uma brincadeira, mas é algo bem sadio e eu levo na esportiva. Meu prazer maior é ver o Inter jogar - contou Emílio.
- Jogo na Vila é sempre diferente. A torcida do Santos, quando está unida com o time, pressiona bastante, até por conta da acústica do estádio. Recordo que em 2006, pelo Brasileiro, estávamos ganhando até os últimos minutos, mas a torcida começou a jogar junto com o time e eles viraram a partida. No sábado, será um jogo duro - emendou Eduardo.
Mas terá a proximidade com os santistas feito os colorados da Baixada encararem o Santos - ou qualquer time paulista - como um rival em potencial? A resposta é não, especialmente para os torcedores nascidos no Sul. Apesar da distância, a rivalidade com Grêmio prevalece.
- Tenho até uma camisa do Santos, que ganhei de um amigo para usar no jogo contra o Grêmio (pelas semifinais da Libertadores), em 2007. Infelizmente não deu muito certo (o Tricolor gaúcho classificou-se para a decisão), mas gosto muito de futebol. Tanto que já fui em vários jogos do Santos pelo Paulista. Até simpatizo o Santos à distância, mas só uso a camisa contra o Grêmio (risos). Não tem jeito, a paixão é pelo Colorado - brincou Eduardo.
- Acho que rival é rival eterno, mesmo à distancia. Para mim, o meu (rival) sempre será "eles" (Grêmio). Não costumo me sentir bem nem quando visto azul (risos). Acho que é cultural - resumiu Fabiano.
Após 27 rodadas, o Internacional é o sexto colocado do Brasileirão, com 41 pontos, e ainda sonha em chegar à Libertadores. O Santos é o 14º, com 34 pontos, e tem chances mais remotas de se aproximar do G4.
Torcida do Inter na Vila Belmiro Santos (Foto: Marcelo Hazan / globoesporte.com)

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