16 de outubro de 2012

Produção gaúcha, charme alemão: os detalhes da cobertura do Beira-Rio


Em um estádio marcado por ter na história a participação popular na construção, nada mais justo do que a reformulação do Beira-Rio tenha mão de obra gaúcha de forma intensiva. Pois a nova cobertura começou a ser produzida pela empresa Sulmeta Construções, situada em Nova Bassano, localizada na região nordeste do Rio Grande do Sul. E, se a produção terá jeitinho local, o “charme” virá da Alemanha, com a membrana que ilumina a casa do Bayern de Munique, a Allianz Arena. A tecnologia do futuro teto do estádio
Sonhada por dez em cada dez colorados, a cobertura começou a se tornar real em outubro. A Sulmeta iniciou o processo de fabricação das 4 mil toneladas de aço materializadas em 65 folhas para cobrir o estádio e fazer com que o torcedor retome o orgulho de assistir às partidas em casa.
A montagem em si, quando será possível ver a cobertura tomar forma sobre as arquibancadas do Beira-Rio, iniciará assim que o Inter cumprir o calendário em casa (contra a Portuguesa, em 25 de novembro). Serão então dez meses de instalação, o que aumentará em torno de 70 funcionários trabalhando na obra, especificamente no novo teto. Esse número pode aumentar, dependendo do prazo.
- Estamos realizados e esperançosos nesse projeto. A companhia se tornou colorada. Mostra a força do Rio Grande do Sul. Estávamos competindo com empresas de fora. Acho que levamos vantagem com o prazo apertado. Em uma empresa da China, seriam necessários dois meses de transporte de navio e ainda poderia aumentar o período aqui no porto - explica Evandro Reis de Oliveira, coordenador de projeto da Sulmeta.
Projeto da nova cobertura do Beira-Rio (Foto: Divulgação)Projeto da nova cobertura do Beira-Rio (Foto: Divulgação)
Como experiência, a companhia gaúcha tem no portfólio a implantação da cobertura do Engenhão, no Rio de Janeiro, o que levou 12 meses de montagem. Ao longo do período de instalação no Beira-Rio, serão enviadas 250 carretas com o material de Nova Bassano para Porto Alegre.
A grandiosidade do projeto fica provada no tamanho de cada chamada “folha”. Serão 60 metros da base até a ponta da estrutura, além de 40 metros de altura, deixando os refletores resguardados por baixo do revestimento. Também houve um estudo para que a cobertura não atrapalhe a iluminação solar, o que é fundamental para o crescimento e a manutenção do gramado.
Estilo Allianz Arena
estádio Allianz Arena final da Liga  (Foto: EFE)Allianz Arena na final da Liga dos Campeões
(Foto: EFE)
Mas não somente da parte metálica, do aço em si, que formará a estrutura. A imponência da obra se formará a partir da chamada membrana PTFE (politetrafluoretileno), tecido preso à cobertura. Fabricada pela Hightex, mesma empresa alemã responsável pela Allianz Arena, é capaz de fazer efeitos de iluminação, possibilitando que cada partida seja um espetáculo à parte. O novo Beira-Rio, por exemplo, poderá ter efeitos em vermelho e branco para os confrontos. Azul? Nem pensar.
- É uma malha de vidro que não estica, extremamente rígida e leve. Com ela, é possível brincar com a iluminação cênica dentro e fora do estádio, como acontece no Allianz Arena. Tem vida útil de pelo menos 30 anos - explica o gerente de obras do Inter, Helio Giaretta.
A tendência é de que essa membrana comece a ser instalada no meio do próximo ano. Serão necessários cerca de seis meses até que fique pronta para iluminar e encantar a região da beira do Guaíba. Como vantagem, conta com superfície autolimpante, o que reduz a necessidade de manutenção periódica.
- Essa iluminação de LED passará efeito visual muito bonito, mas diferente do Allianz Arena, que tem aspecto de pneu. A instalação será feita nos módulos da cobertura. Em condição de fachada, o Beira-Rio será o único estádio brasileiro a utilizar a membrana nesse aspecto visual - conta a diretora da patrimônio do Inter, Diana Oliveira.
Projeto da nova cobertura do Beira-Rio (Foto: Inter / DVG)Projeto da nova cobertura do Beira-Rio (Foto: Inter / DVG)
Depois de um ano complicado, de difícil assinatura com empreiteira e quase interdição do estádio, o presidente Giovanni Luigi não esconde o entusiasmo com o futuro do Beira-Rio. O dirigente também destacou que, mesmo em momentos críticos, com espaço reduzido em casa, o clube não perdeu sócios.
- Ninguém deixou de pagar a mensalidade. Justamente eles sabem que terão estádio coberto, com poltrona. Todos irão usufruir - destaca Luigi.
O sofrimento dos torcedores colorados com eventual mau tempo em Porto Alegre, como tem acontecido com frequência na temporada e diminuído o público, será recompensando. A previsão é de que no final de 2013, o estádio esteja pronto para a Copa do Mundo de 2014, com cobertura para todos.
Estádio Beira-Rio em reforma (Foto: Diego Guichard / GLOBOESPORTE.COM)

Nenhum comentário:

Postar um comentário