Após oito meses de impasse e incerteza, foi oficializada a parceria de 20 anos entre Inter e Andrade Gutierrez para a reforma do Beira-Rio, parada há 269 dias. A expectativa beirava à tensão, daquele tipo só sentido em final de campeonato, com direito a batalhão de repórteres e até telão do lado externo do Beira-Rio para o acompanhamento da torcida. Mas a bola passou longe dos holofotes na manhã desta segunda-feira. O personagem principal era feito de papel e atendia pelo contrato entre clube e construtora, que, finalmente, foi assinado às 11h55 em pomposa cerimônia no Salão Nobre do Conselho Deliberativo, que contou com mais de 500 pessoas, entre conselheiros e autoridades. Em seguida, houve queima de fogos de artifício do lado de fora do estádio e a confirmação, por parte da construtora, que as obras devem recomeçar na quarta-feira.
O presidente do Inter, Giovanni Luigi, recebeu ao seu lado na mesa o presidente da AG, Otávio Azevedo, representantes do Comitê Olímpico Local, o prefeito José Fortunati, deputados e outras autoridades. A cerimônia, que lotou o salão, começou às 11h16, com direito à execução do Hino Nacional e do hino do Inter na abertura. Luigi tomou a palavra e tratou de desfilar agradecimentos. Começou pela torcida e foi até a presidente Dilma Rousseff, em discurso gravado em diversas folhas grampeadas sobre a mesa. Acabou aplaudido de pé por uma empolgada plateia de cerca de 400 colorados.
- Firmamos uma parceria com uma das maiores empresas do mundo. Revisamos todos os detalhes nos últimos dias. Agora, não ficaremos olhando retrovisor - avisou. - Também agradeço a minha família, por me ajudar a superar esse peso extra.
O presidente da construtora deu o tom da cerimônia, de profundos elogios a Luigi. Ao empunhar o microfone, Otávio de Azevedo qualificou o mandatário colorado como "duro na queda", "um homem determinado".
- É o verdadeiro protagonista - avisou, pedindo aplausos, para depois esclarecer: - Nunca pensamos em desistir do Beira-Rio. Estamos juntos com o Inter até o final. E mãos à obra, essa é a palavra de ordem.
Ainda discursaram o prefeito José Fortunati e o vice-governador Beto Grill, que deixou o lado colorado transparecer, não escondendo a emoção. Às 11h55, Luigi assinou o contrato e foi aplaudido pelos presentes. Em seguida, fogos de artifício foram ouvidos no estádio. Um vídeo narrando momentos importantes da história do Inter também entusiasmou a plateia. Depois das formalidades, o presidente da construtora pediu novamente a palavra.
- As obras começam depois de amanhã (quarta-feira). É isso aí, vamos lá - disse Otávio Azevedo, deixando-se levar pelo clima festivo do ambiente.
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Cerca de mil operários devem ser deslocados para reiniciarem as obras. Estima-se que o numéro de trabalhadores possa chegar a 2,5 mil homens até o fim de 2013. O Inter entra com os R$ 26 milhões da venda dos Eucaliptos e os R$ 8 milhões das suítes já vendidas. A reforma está orçada em R$ 330 milhões. Depois de negociações frustradas com o Banrisul para a obtenção do empréstimo junto ao BNDES, a AG firmou parceria com o banco de investimentos BTG Pactual.
> Inter e AG: 20 anos de parceria
Após a conclusão da obra, a ideia é seguir usando o gramado do Beira-Rio apenas em dia de jogos. O Inter busca um espaço para construir seu centro de treinamentos. Áreas em Gravataí e no Lami foram avaliadas, mas não há data para essa definição. As categorias de base foram deslocadas provisoriamente para o CT do Pedrabranca, em Alvorada.Durante a reforma, o grupo profissional do Inter não treinará nos costumeiros gramados suplementares. Eles serão utilizados no espaço destinado ao canteiro de obras. Os jogadores receberão as instruções de Dorival Júnior no outro lado da Avenida Beira-Rio, na área do Parque Gigante, sede social do clube. Lá, foi erguida uma estrutura com dois campos de dimensões oficiais, além de vestiários e academia.
> Como será a reforma
O Beira-Rio receberá cinco jogos da Copa do Mundo de 2014. Para isso, o Inter terá de se adaptar às novas exigências e padrões da Fifa, estando pronto para sediar qualquer evento nacional ou internacional de futebol. Veja abaixo as principais mudanças no estádio.
O Beira-Rio receberá cinco jogos da Copa do Mundo de 2014. Para isso, o Inter terá de se adaptar às novas exigências e padrões da Fifa, estando pronto para sediar qualquer evento nacional ou internacional de futebol. Veja abaixo as principais mudanças no estádio.
- Para os jogos da Copa, a capacidade total do Beira-Rio será de 51.300 lugares. Depois do evento, o Inter poderá estender até 56 mil lugares com a retirada das cadeiras localizadas atrás das goleiras.
- Além das vagas existentes, o torcedor poderá usufruir de um edifício-garagem que será localizado próximo à Avenida Beira-Rio, onde hoje estão os campos suplementares do clube. O edifício terá cerca de 3 mil novas vagas.
- A profundidade do degrau da arquibancada para cada torcedor sentar passará dos atuais 60 centímetros para 90 centímetros, dando mais espaços para o torcedor se acomodar. As cadeiras serão retráteis, o que facilitará a circulação do público.
- O Beira-Rio receberá uma nova e moderna cobertura, construída em estrutura metálica, cobrindo todos os lugares do estádio, inclusive as rampas e os acessos aos portões.
- Haverá um anel circundando todo o estádio. Os torcedores de qualquer setor poderão se encontrar neste ambiente, antes e depois das partidas.
- Os acessos não serão mais exclusivos pelas rampas. Haverá mais elevadores além de 16 novas torres de escadas.
- O torcedor que estacionar no edifício-garagem terá uma rampa coberta de acesso que sairá do edifício até o nível de acesso às áreas vip do estádio.
- Com mais portões de acesso e uma lógica mais moderna, o Beira-Rio poderá ser completamente evacuado em apenas oito minutos.
- Com o estádio totalmente coberto e cadeiras retráteis e de mesmo espaço em todos os setores, o Beira-Rio terá vai proporcionar conforto para todas as pessoas presentes.
> Entenda o caso, do impasse à solução
- Em maio de 2009, Porto Alegre foi confirmada como uma das sedes da Copa de 2014. O Beira-Rio foi escolhido para abrigar os jogos. Porém, teria de ser remodelado para atender as exigências da Fifa.
- No início de 2011, o Inter fechou a parceria com Andrade Gutierrez para a realização dos reparos no estádio. A previsão de conclusão da obra era de dois anos e meio. Pouco mais de seis meses depois de iniciar a demolição das arquibancadas (foto ao lado), o Inter interrompeu as obras, para evitar os gastos que seriam da construtora mineira.
- Desde junho de 2011 nenhum operário era visto no estádio, e a obra seguia estagnada. A construtura buscava parceiros para bancar a reforma. Semanas atrás, divulgou nota e culpou o Banrisul por não liberar o financiamento que garantiria a continuidade dos trabalhos. Depois, a AG disse que conseguiu os recursos, sem citar a participação do Banrisul.
- Em uma das últimas reuniões entre clube e construtora, o Inter exigiu um documento que apresentasse essas garantias. A construtora buscava uma linha de crédito de R$ 205 milhões junto ao BNDES.
datas importantes | o que aconteceu |
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29 de julho de 2010 | Lula aciona as máquinas para início oficial das obras no Beira-Rio |
15 de dezembro de 2010 | Inter começa a destruição das arquibancadas das sociais |
21 de março de 2011 | Conselho do Inter escolhe o modelo de parceria, em decisão unânime |
13 de maio de 2011 | Inter elege a Andrade Gutierrez como parceira para as obras |
24 de junho de 2011 | À espera da assinatura do contrato, Inter interrompe as obras |
20 de outubro de 2011 | Porto Alegre, com Beira-Rio como estádio, perde a Copa das Confederações |
15 de dezembro de 2011 | Conselho Deliberativo aprova contrato com AG e espera obras em janeiro |
16 de janeiro de 2012 | Inter e AG se acertam e marcam data de assinatura do contrato para 19/01 |
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