Para manter os filhos sempre próximos e minimizar a distância por causa de viagens e concentrações, Muriel adotou uma tática distinta, mas não incomum. No futebol atual, os jogadores procuram customizar as chuteiras. Alguns colocam seu nome, o número que utilizam na camisa, cores ou até desenhos. O goleiro não. Preferiu homenagear os rebentos Maria Eduarda, de sete anos, e Franthiesco, de quatro.
O camisa 1 não esconde o orgulho ao falar dos pequenos. Vê na dupla e na mulher Elisângela o seu esteio. Isso que consegue compartilhar bons momentos ao lado irmão Alisson, que é um dos seus reservas no Inter. Principalmente, em momentos de dificuldades, como ocorreram nas falhas no Gre-Nal (quando o Colorado perdeu por 1 a 0) e na goleada sobre o Flamengo (por 4 a 1), corroborados com a turbulenta fase pela qual passa o clube, que não vence há quatro jogos:
– Carrego o nome dos meus dois filhos. Eles são muito importantes para mim. São meus filhos que me dão força e me confortam, independentemente de vitória ou derrota. Eles me recebem sempre do mesmo jeito, com muito carinho, quando entro em casa. Só tenho que agradecer muito a eles, à minha esposa e à família.
A saudade de casa se mistura com o amor pelo Inter. O arqueiro de 25 anos está há 12 no Beira-Rio. Oriundo das categorias de base, Muriel sofreu até conquistar seu espaço entre os titulares. Chegou a ser sexto goleiro. Em 2008, quando era o terceiro na hierarquia, pegou hepatite A e ficou quatro meses afastado dos gramados. No ano seguinte, foi emprestado para Caxias e Portuguesa.
Apesar das adversidades, não esmoreceu. Voltou em 2010 e começou a cavar seu espaço. No dia 19 de junho de 2011, enfim, a oportunidade de sequência surgiu. Como Renan, então titular, ainda discutia com o Valencia (dono dos seus direitos) para permanecer no Colorado, Falcão decidiu apostar em Muriel.
A partir daí, o goleiro se firmou e terminou com a instabilidade na posição, que vinha desde 2007, com a saída de Clemer. Contra o Bahia neste domingo, às 18h30, completará o seu centésimo jogo pelo time gaúcho. Do atual grupo, é o nono com mais partidas, atrás apenas de Índio (358), Bolívar (333), Guiñazu (272), Kleber (193), D'Alessandro (186), Nei (149), Leandro Damião (123) e Renan (122).
A agilidade e o senso de colocação do camisa 1 contrastam com a habitual tranquilidade ao falar. Muriel não vê as dificuldades enfrentadas como um problema. Prefere enaltecer o orgulho ao qual ostenta o distintivo colorado a cada vez que entra com a missão de segurar o ímpeto ofensivo dos rivais. Tanto que, na parte interna das chuteiras, leva o símbolo do Inter.
– Estou há 12 anos no clube. Aqui é a minha segunda casa. Fico mais tempo com os meus companheiros do que em casa. Sou muito feliz aqui – complementa.
É na motivação e no orgulho de Muriel pelo clube que o Inter pode ter um novo combustível para reencontrar o caminho das vitórias. E na proteção de Maria Eduarda e Franthiesco, os quais tanto gaba-se o camisa 1.
Nenhum comentário:
Postar um comentário