Uma vida regrada, um regime de treinamentos personalizado e a ajuda da medicina são fatores importantes para garantir a longevidade da carreira de um atleta. Com o avanço da idade, a capacidade pulmonar diminui, o coração bombeia menos sangue para o corpo, os ossos se tornam mais frágeis, e a pessoa demora mais para se recuperar de qualquer desgaste físico.
No caso dos jogadores de futebol, o declínio do desempenho em campo tem início por volta dos 30 anos de idade. A necessidade de um tempo maior de descanso entre duas partidas é a mudança mais notada pelos veteranos. Destaques no Campeonato Brasileiro de 2012, jogadores como Seedorf, Juninho Pernambucano, Zé Roberto, Deco e Marcos Assunção, são alguns dos "vovôs" eventualmente poupados por seus treinadores de atuar em partidas consideradas menos difíceis.
- Eu preciso de um tempo maior para me recuperar após cada partida. Antigamente, um dia após o jogo eu já estava bem para jogar - lembra Zé Roberto, meio-campo do Grêmio.
- Muitas vezes o treinador pergunta "você quer ficar fora?". O Felipão me deixava fora de alguns jogos do Campeonato Brasileiro para estar totalmente descansado na Copa do Brasil, isso ajuda - revela o volante do Palmeiras Marcos Assunção.
Manter hábitos de vida saudáveis é outra estratégia adotada pelos atletas mais velhos para prolongar a carreira de sucesso. Eles se alimentam corretamente, dormem cedo e evitam a vida noturna, o que diminui o desgaste causado pela rotina de treinos e jogos.
- Excluí muitas coisas da minha vida, sem dúvida. Isso é essencial para um atleta. Dormir cedo e ter uma alimentação boa contribuem muito para aguentar o dia-a-dia de treinamento - diz o zagueiro Índio, do Internacional.
- Eu sempre me cuidei, nunca fui de muita farra. Nós gostamos, sim, mas tudo tem hora e limite. Nunca fui de beber, nem quando eu era moleque. O álcool atrapalha. Se eu bebesse, já teria parado - analisa Marcos Assunção.
- Depende do estilo de vida que o atleta teve. Se ele foi profissional, não consumiu drogas, manteve uma alimentação adequada, teve repouso adequado, com certeza a longevidade será maior. Isso não significa que ele não se divertiu, não saiu, mas que ele se preparou como um profissional - argumenta o ortopedista e especialista em medicina esportiva André Pedrinelli.
Para minimizar o cansaço físico, os veteranos têm uma rotina de treinos específica, na qual o esforço feito é compatível com a idade deles. Os exercícios na academia são intensificados, reforçando ainda mais a musculatura dos jogadores.
- O primeiro princípio de proteção do atleta é a individualização do treinamento. Às vezes isso é dificil, embora você treine todos na mesma base, naquela partida atacou-se menos pela direita ou pela esquerda, e os jogadores não têm o mesmo gasto enérgico - explica Dr. Pedrinelli.
- O jogador que passa dos trinta tem que treinar menos em campo e treinar mais na academia, senão não aguenta - observa Marcos Assunção.
A medicina, cada dia mais avançada, permite medir o nível de cansaço dos atletas mais velhos. A partir do resultado de exames de sangue, os preparadores físicos desenvolvem um plano de treinamentos mais ou menos intenso.
- Temos como mensurar a capacidade física do jogador para prescrever o treinamento de uma forma especifica para cada atleta. Não adianta nada dar o mesmo treino para o Paulo Baier e para o Manuel, que tem quase 10 anos a menos. Um vai sofrer lesão e o outro vai ficar destreinado - avalia o cardiologista do Atlético-PR, Luiz Gustavo Emed.
- Após o jogo, os médicos tiram nosso sangue e analisam. Se estamos dentro do limite do cansaço, tentamos dar uma segurada. Se está dentro do normal, podemos treinar - conta Índio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário